Megaoperação da PM na Baixada Santista termina em chacina e registra 13 mortes, até o momento
As fatalidades são resultado da Operação Escudo, iniciada na noite de dia 27 com o objetivo de investigar e prender os responsáveis pela morte de um agente da ROTA
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Redação NERO
01/08/23 16:41

A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou na tarde desta terça-feira (1º), que o número de mortes resultantes da Operação Escudo, conduzida pela Polícia Militar de São Paulo (PMSP), no município de Guarujá, subiu para 13. A operação visa investigar a morte de um agente do Batalhão da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA), ocorrida na última quinta-feira (27), e iniciou as suas ações na noite do mesmo dia. Apesar das denúncias registradas de violência policial, a ação continua “em curso”.

O Operação Escudo, deflagrada na quinta-feira (27), procura investigar os responsáveis pela morte do policial, Patrick Bastos Reis, atingido próximo ao túnel da Vila Zilda, em Guarujá. Composta por 15 batalhões com mais de 3000 PMs, além de pelotões de Choque, a operação faz o policiamento dos bairros Vila Zilda e Vila Júlia.

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O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, declarou que quer que os agentes “vão para cima até pegar todos, sem exceção”. Até o momento, a secretaria informou que 32 pessoas foram presas e 11 armas apreendidas durante a operação.

“A Operação Escudo para repressão ao tráfico de drogas e ao crime organizado segue em curso na Baixada Santista. 32 suspeitos já foram presos e 20,3 quilos de drogas e 11 armas apreendidas. Treze suspeitos morreram ao entrarem em confronto com as forças de segurança desde o início da operação. Por determinação da SSP, todos os casos são investigados pela Divisão Especializada de Investigações Criminais (DEIC) de Santos e pela Polícia Militar por meio de Inquérito Policial Militar (IPM). As imagens das câmeras corporais serão anexadas aos inquéritos em curso e estão disponíveis para consulta irrestrita pelo Ministério Público, Poder Judiciário e a Corregedoria da PM”, segundo nota da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP).

No domingo (30), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), comunicou a prisão de Erick David da Silva, conhecido como “Deivinho, que é um dos suspeitos de balear o policial.

“Atenção. O autor do disparo que matou o soldado Reis, no Guarujá, acaba de ser capturado na Zona Sul de São Paulo. Três envolvidos já estão presos, após trabalho de inteligência encabeçado pela PMESP. A justiça será feita. Nenhum ataque aos nossos policiais ficará impune”, escreveu Tarcísio à época.

Antes de se entregar, “Deivinho” postou um vídeo em suas redes sociais pedindo que “parassem a matança”.

“Quero falar para o Tarcísio e para o Derrite parar de fazer a matança ai. Matando uma ‘pá’ de gente inocente”, disse. “[Estão] querendo pegar a minha família, sendo que eu não tenho nada a ver. Estão me acusando. É o seguinte, vou me entregar. Não tenho nada a ver”, acrescentou Deivinho antes da sua detenção.

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A atuação das forças policiais tem sido amplamente criticada por parte moradores dos bairros abrangidos pela operação. Diante disso, uma comissão formada pela Ouvidoria das Polícias do Estado de São Paulo, pela Comissão de Direitos Humanos dos Advogado do Brasil (OAB) e pelo Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), será responsável por apurar se houve casos de tortura e o uso excessivo de força por parte da PM.

“Estamos recebendo muitas denúncias de moradores aterrorizados, denúncias inclusive que há duas favelas sendo sitiadas pela polícia e que o comentário dos policiais é que eles vão matar 60 pessoas, há relatos de policiais invadindo casas usando máscaras”, afirmou o ouvidor da Polícia, Cláudio Silva.

Foram relatadas, em diversas páginas de apoio à PM e nas redes sociais de policiais, postagens que detalhavam o andamento da operação e até mesmo celebravam e contabilizam as mortes de forma irônica.

As contagens oficiais indicam que 13 indivíduos perderam suas vidas. No entanto, no dia de ontem (31), havia estimativas de que o número poderia ser maior, atingindo um total de 19 vítimas.

Um morador da Vila Edna, procurado pela Ponte Jornalismo, disse que as abordagens não têm ocorrido conforme o padrão. “Eles não querem saber se está no crime ou não. Se tem família, se é trabalhador, se sustenta filhos… Não querem saber de nada, se tiver passagem [pelo sistema carcerário] ou qualquer tipo de tatuagem que eles atribuem ao crime, já vão matar”.

A Agência Brasil adiantou ainda que “o Ministério Público de São Paulo designou, ontem, três promotores da região para investigar a atuação da Polícia Militar no âmbito da Operação Escudo. Os nomes foram indicados pelo procurador-geral de Justiça, Mario Sarrubbo”.