Anderson Torres é ouvido pela CPMI dos atos golpistas
O ex-secretário de Segurança do DF afirma que caso o protocolo tivesse cumprido, a invasão aos Três Poderes teria sido evitada
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Redação NERO
08/08/23 18:27

O ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, declarou durante audiência nesta terça-feira (8), diante da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos de 8 de janeiro, que a administração dos “meios, efetivos, número de homens” é uma responsabilidade atribuída a cada instituição policial.

“O que o protocolo colocou para a PM (Polícia Militar), a PM tem que cumprir; o que o protocolo colocou para a Polícia Civil, a Polícia Civil tem que cumprir”, informou Torres.

Até o momento, Anderson Torres não havia esclarecido o papel que exerceu como chefe da Secretaria de Segurança do DF, durante os ataque golpistas de 8 de janeiro em Brasília.

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O ex-secretário desembarcou nos Estados Unidos dois dias antes da invasão, afirmando que viajou tranquilo, pois não possuía qualquer conhecimento de uma possível manifestação violenta na capital. No entanto, adiantou que, caso o Protocolo de Ações Integradas (PAI) tivesse sido “seguido à risca, seríamos poupados dos lamentáveis atos do dia 8 de janeiro”.

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) mencionou que Torres, em um determinado momento, chegou a considerar o PAI como sendo superestimado. Em resposta, o depoente afirmou que, com base na sua experiência em Brasília, ao verificar as imagens do acampamento em frente ao Quartel-General (QG) do Exército na manhã do ataque, não surgiram quaisquer suspeitas, visto que, no seu entendimento, “as pessoas estavam ali (…) esperando o almoço. Eram vulneráveis”.

Para a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), as autoridades estão se esquivando de assumir qualquer tipo de culpa, transferindo a responsabilidade de instituição em instituição.

“Nós estamos ouvindo pessoas dos serviços de inteligência, nós estamos ouvindo pessoas da ação mais ostensiva, e a fala é sempre a mesma: ‘Eu mandei alerta e eles não cumpriram’. Quem está do lado que deveria cumprir, que é a ação ostensiva, e diz: ‘Olha, eu não estava aqui no Brasil, eu estava fora do Brasil, era para a Polícia Militar fazer e ela não fez’. Então, fica, na verdade, um jogo de responsabilidade”, declarou.

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Anderson Torres está detido desde 14 de janeiro devido à sua omissão durante os eventos do dia 8 de janeiro, mesmo tendo conhecimento antecipado da possibilidade de se realizarem. O depoente compareceu à sessão de tornozeleira eletrônica, uma vez que se encontra em prisão domiciliar desde 11 de maio.