A sessão desta terça-feira (11) da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), foi marcada por um debate acalorado entre a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e o relator e deputado Ricardo Salles (PL-SP).
Participe do grupo do Nero no WhatsApp
Durante a sua fala, a deputada mencionou um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que supostamente continha informações sobre os financiadores dos atos golpistas de 8 janeiro, em Brasília. Segundo a deputada, o nome de Antônio Galvan, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), constava na lista dos financiadores dos atos.
Em seguida, Ricardo Salles interrompeu a deputada expressando sua insatisfação com o conteúdo do discurso, classificando-o como um “tema estranho à pauta”. O embate continuou por alguns momentos, até que a ordem foi restabelecida. Sâmia Bonfim destacou que esta não era a primeira vez que deputadas da base governista eram interrompidas pela oposição, e que a Procuradoria Geral da República já havia sido acionada relativamente a isso.
Inscreva-se no canal do Nero no Telegram
A deputada prosseguiu com seu discurso, denunciando a condução da CPI, já que até ao momento “nenhum representante do Movimento Sem Terra foi ouvido; nenhum documento foi analisado; fizeram uma diligência que foi um ‘papelão’ que teve até invasão de domicílio; cortaram os microfones das deputadas; e agora mais uma vez enquanto eu utilizo o meu tempo de líder, mais uma vez eu venho sendo interrompida”, enfatizou Sâmia. O relator decidiu rebater a fala da parlamentar antes do tempo, e ambos tiveram os seus microfones cortados, pela segunda vez.
Salles acusou que o domicílio, o qual Sâmia alega ter ocorrido a invasão, estava “cheio de propaganda política” da deputada. Mesmo com o microfone silenciado, acrescentou ainda que a parlamentar “explora a pobreza para se eleger”.
A discussão estendeu-se pelo minuto seguinte, até que o presidente da CPI Luciano Zucco (Republicanos-RS), interrompe os deputados ironizando que “[a sessão] estava indo bem demais”, e pede para que seja acrescentado um minuto para que a deputada Sâmia Bomfim pudesse fazer o seu “uso regimental da palavra”.
A deputada tenta voltar ao seu ponto inicial, relativo aos financiadores dos atos golpistas, no entanto sem sucesso. Discursou por apenas 20 segundos até voltar a ser interrompida e ter o seu microfone silenciado.
A deputada federal Magda Mofatto (PL-GO) aproveitou o momento para criticar as deputadas Fernanda Melchionna (PSOL-RS), Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Talíria Petrone (PSOL-RJ). “É impressionante como essa mulherada vem aqui só para arrumar encrenca, presidente, não vêm para trabalhar”, disse. Durante o episódio, Fernanda Melchionna respondeu à deputada do PL, contudo o áudio não foi captado pelo microfone, tornando-se inaudível.
Por fim, a deputada conseguiu obter mais um minuto adicionado ao seu tempo de fala. Ao concluir seu discurso, Sâmia afirmou que seu papel na Comissão “é mostrar qual é a verdadeira face de vossas excelências [que] defendenderam os seus financiadores de campanha, que não por coincidência são os mesmos que financiaram e atuaram na depredação do Estado brasileiro no dia 8 de janeiro (…) e tentam cercear as liberdades democráticas, e é por isso que querem atacar o MST”.