A Global Forest Watch (GFW) publicou nesta terça-feira (27), que o Brasil foi responsável por 43% do desmatamento global em 2022. Ao todo estima-se que tenha sido destruído cerca de 1,8 milhão de hectares de floresta tropical primária.
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A GFW é uma plataforma desenvolvida pelo World Resources Institute (WRI), organização sem fins lucrativos e tem como objetivo monitorar as florestas e auxiliar na sua proteção. Algumas empresas utilizam os seus serviços para verificar se algum crime ambiental foi cometido no processo de extração de matéria-prima pelos seus fornecedores.
A destruição global de florestas primárias em todo o mundo atingiu um total de 4,1 milhões de hectares, e produziu cerca de 2,7 gigatoneladas de emissões de dióxido de carbono. Embora o desmatamento tenha sido predominante no Brasil e República Democrática do Congo, também houve uma perda expressiva de florestas na Bolívia, Indonésia, Perú, Colombia, Laos, Camarões, Papua Nova-Guiné e Malásia.
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As florestas primárias “são as (…) mais maduras, mais intactas e mais importantes ecologicamente para o sistema ambiental do mundo”, explicou o especialista em Geoprocessamento Sênior no Programa de Florestas do WRI Brasil, Jefferson Ferreira-Ferreira. No Brasil, a perda deste ecossistema complexo e diversificado aconteceu sobretudo na região da Amazônia.
“Embora a gente não consiga dizer quais são as causas exatas dessa perda de florestas, existem indícios muito importantes que mostram que uma boa parte se deu por causa da expansão da agricultura e de pastagens, principalmente no sudoeste da Amazônia, nos estados do Acre e do Amazonas. No Acre e no Amazonas. o que se viu nos últimos dois anos foi que as taxas de perda de florestas tropicais praticamente dobrarem, o que representa um risco bastante grande, porque é nesta região que se tem algumas das florestas mais intactas do país”, afirmou Jefferson Ferreira-Ferreira.
De acordo com os dados do WRI Brasil, além do estado do Amazonas, o Acre registrou níveis de desmatamento mais elevados do que o habitual, durante a medição feita de 2021 para 2022. Julga-se que as principais causas sejam a conversão da floresta em áreas de pastagem para o gado e a construção de rodovias.
O especialista, Jefferson Ferreira-Ferreira, explicou ainda que as “perdas de florestas sempre podem ser revertidas, mas leva tempo. Algumas ações imediatas que podem e devem ser tomadas são ações de controle que fortalecem a fiscalização, que fazem cumprir a a legislação e aplicação de multas”.