O presidente da Argentina, Alberto Fernández, encontrou-se nesta segunda-feira (26), com o presidente Lula (PT) em Brasília, para reunião oficial.
Participe do grupo do Nero no WhatsApp
Argentina: 2018 a 2023
Há cerca de cinco anos, a Argentina mergulhou numa profunda crise econômica, desencadeada por uma crise cambial que duplicou o valor do dólar frente à moeda local. Em resposta, o Fundo Monetário Internacional (FMI) concedeu um empréstimo de US$ 57 bilhões ao país, resultando num aumento ainda maior da dívida externa. Dois anos depois, em 2020, com a pandemia de covid-19, o governo de Fernández optou por imprimir dinheiro em massa visando financiar benefícios e programas salariais que vieram a desencadear uma alta na inflação.
Para lidar com um panorama cada vez pior, o governo argentino renegociou o seu acordo com o FMI, que conta agora com uma duração de quatro anos, sujeito a avaliações trimestrais. Essas avaliações servem para monitorar a acumulação de reservas estrangeiras e verificar os níveis de déficit fiscal. Se o país não for aprovado em uma dessas avaliações, corre o risco de ficar inadimplente com o FMI.
Atualmente, as reservas líquidas do país estão pela metade do valor registrado em 2019, totalizando US$ 2,1 bilhões. A taxa de câmbio oficial apresenta uma diferença superior a 100% em relação às taxas paralelas, o que coloca uma pressão significativa no sistema cambial e leva à desvalorização acentuada do peso argentino. Como medida de combate à inflação, que já ultrapassa os 108% acumulados ao longo de 12 meses, o Banco Central da República da Argentina (BCRA), decretou um aumento da taxa básica de juros passando de 91% para 97%. Com esta medida o BCRA procura “combater a inflação sem parar a atividade econômica”, comentou o diretor da empresa de consultoria Hacer, Pablo Tigani.
Além das questões relacionadas ao controle econômico, o país vizinho enfrenta atualmente uma seca extrema que vem causando impactos significativos nas safras de grãos o que leva à redução das colheitas, aumento dos preços dos alimentos e dificuldades no abastecimento interno.
Já o presidente Lula, vem conversando com os países membros do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), e com o FMI, com a intenção de procurar auxílio econômico para a Argentina.
Inscreva-se no canal do Nero no Telegram
Fernández no Brasil
Os dois chefes de Estado já se encontraram quatro vezes neste ano. Alberto Fernández esteve no Brasil durante a posse de Lula e outras duas vezes, incluindo uma participação da cúpula de presidentes sul-americanos. A visita desta segunda-feira está inserida na celebração dos 200 anos de relações diplomáticas entre os dois países. Neste momento a Argentina é o maior parceiro comercial do Brasil na América do Sul.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores considerou ainda que “o comércio bilateral, marcado por seu alto valor agregado, tem papel estratégico para o desenvolvimento e industrialização dos dois países”. Além da reunião com Lula, o presidente da Argentina irá encontrar-se com o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber.