Crise na TV aberta atinge em cheio as capitais, principalmente as nordestinas
Ratinho tinha sonho de ser rei da comunicação do Nordeste
Ratinho. Foto: Lourival Ribeiro/SBT
Redação NERO
16/03/23 18:41

Outrora o melhor negócio do mundo, agora ser dono de um canal de televisão deixou de ser o sonho de consumo dos políticos nordestinos e também brasileiros. Atualmente, no Nordeste, os interessados podem adquirir até 08 canais. As negociações precisam ser mantidas em sigilo. Há a necessidade obrigatória de um contrato de confidencialidade para que os proprietários dessas concessões reconheçam estarem vendendo essas TVs.

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No Maranhão, a Difusora TV, afiliada ao SBT, com sede em São Luís e em mais três cidades: Caxias, Imperatriz e Açailândia. No passado, essa rede pertenceu aos senadores Epitácio Cafeteira e Édison Lobão, mas, em 2020, esse grupo de comunicação que rivaliza com a TV Mirante-Globo, do ex-presidente José Sarney, foi assumido pelo influente advogado brasiliense, Willer Tomaz. Para ser dono de TV, Tomaz investiu R$ 60 milhões, mais as dívidas fiscais e trabalhistas, num montante não inferior aos R$ 80 milhões. Esse negócio de ser empresário da comunicação no Maranhão tem tirado o sono de Willer Tomaz, que não esconde, apesar de negar, que gostaria de se desfazer dessas tevês e rádios.

No Ceará, quem também andou desejando vender sua emissora, TV Jangadeiro Sobral, afiliada ao SBT, foi o ex-senador Tasso Jereissati. No início da pandemia, a venda foi anunciada, o preço estava em R$ 35 milhões. Hoje, quem pagar menos da metade – R$ 16 milhões, leva e fica dono de uma emissora na terra do ex-ministro Ciro Gomes. Outra tevê que estaria no mercado para quem mostrasse interesse é a TV Diário, do Grupo Edson Queiroz. Sem bandeira e chegando em 80 dos 184 municípios cearenses, a emissora é bem mais cara. Ninguém leva se não desembolsar a quantia de R$ 70 milhões. Bilionário, o Grupo Edson Queiroz ainda tem uma imposição: não vende para político. E não precisa vender.

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Por fim, a TV Asa Branca, afiliada da Rede Globo em Caruaru/PE, esteve no mercado para ser vendida. Não apareceu interessados para pagar o que os donos queriam. Na Paraíba, a TV Tambaú, afiliada do SBT, pertence ao empresário da construção civil e do lixo, José Carlos Pontes. Hoje, José Carlos não demonstra mais interesse em investir em comunicação.

Os problemas das emissoras de televisão no Nordeste não param por aí. A TV Clube, de Teresina, sofreu uma intervenção da própria Rede Globo, que assumiu a gestão para salvar a emissora. Em Alagoas, o Grupo Arnon de Melo, do ex-presidente Collor de Melo, vive atolado em dívidas. E sob ameaça de perder a bandeira da Globo. 

Nesse cenário confuso do Brasil, quem começou a fazer due diligence em emissoras, disposto a assumir o controle acionários de várias delas no Nordeste foi o comunicador Ratinho. Entretanto, essa disposição para ser o maior grupo de comunicação do Nordeste esbarrou na falta de apoio da direção nacional do SBT. O empresário Silvio Santos entendeu que se Ratinho, que já é dono da Rede Massa, SBT em todo Paraná, se expandisse para a região nordestina, acabaria por assumir o SBT. Silvio Santos que já fez seu testamento e dividiu seu patrimônio com as seis filhas, quer que elas continuem sua história à frente do SBT.