O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto afirmou nesta quinta-feira (29), que acredita que a adoção de uma meta contínua de inflação seja mais eficiente quando comparada ao modelo atual, de meta estabelecida. O alongamento das metas será um dos assuntos em pauta na reunião desta quinta-feira do Conselho Monetário Nacional (CMN).
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“Foi feito um trabalho lá atrás, começou em 2017, e esse estudo mostra que a meta continua (…) é mais eficiente (…) esse é um aperfeiçoamento do sistema de metas que a gente acha interessante”, disse Campos Neto durante divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do BC.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad disse que tem “defendido publicamente a questão da meta contínua” e que vai ser discutida na reunião de hoje. O sistema de meta estabelecida é ajustado anualmente com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, já o sistema de meta contínua, oferece uma abertura mais ampla possibilitando a extensão do prazo de 12 meses para 18 ou 24.
“Em alguns momentos na nossa história, o que aconteceu é que o governo ficou preocupado com estourar a meta no ano específico e acabou tomando medidas no final do ano que fizesse com aquela inflação caísse de forma pontual e que gerou uma alocação de recursos que não eram mais eficientes do ponto de vista econômico”, explicou Campos Neto.
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O presidente do BC explicou que o Brasil adotou o sistema da meta por ano-calendário por ter enfrentado períodos de inflação muito alta, nos quais havia a necessidade de reverter o cenário em um curto prazo de tempo. Ressalta ainda que grande parte dos países com elevado desenvolvimento socioeconômico não utilizam mais este tipo de meta.
A meta de inflação prevista pelo BC está nos 3,25% para este ano e 3% para 2024 e 2025, todas com margem de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo. No entanto, “se a inflação ao final do ano se situar fora do intervalo de tolerância, o presidente do BC tem de divulgar publicamente as razões do descumprimento, por meio de carta aberta ao Ministro da Fazenda, presidente do CMN, contendo descrição detalhada das causas do descumprimento, as providências para assegurar o retorno da inflação aos limites estabelecidos e o prazo no qual se espera que as providências produzam efeito”, de acordo com nota publicada pelo BC.
O Conselho reúne-se uma vez por mês e é composto por Campos Neto, Fernando Haddad e pela ministra do Planejamento, Simone Tebet.